domingo, 8 de fevereiro de 2009
Dermatite de Contato por Tatuagens de henna
Tatuagens de henna ficaram populares ao prometer uma forma de tatuagem temporária e sem riscos. Na prática, entretanto, esta afirmação não é verdadeira à medida que relatos de reações adversas vêm se acumulando.
A Henna é um corante de cor castanho-avermelhada, extraído da casca e das folhas secas de uma planta (Lawsonia inermis) originária da África e Ìndia, usado como cosmético, para escurecer cabelos ou para tatuar o corpo de forma temporária.
A vantagem é ornamentar o corpo e desaparecer após alguns banhos. E a idéia não é nova: múmias egípcias tinham sinais de utilização de henna, com indícios de que seria um símbolo de status da época.
A alergia à hena pura, sem aditivos químicos, é rara. O problema é a adição de substâncias (corantes químicos, sais de chumbo, etc.) que alteram o produto gerando a possibilidade de reações. Um exemplo é o costume de acrescentar uma substância, denominada parafenilenodiamina, para tornar a secagem mais rápida, dar coloração mais intensa e melhor definição do desenho.
Parafenilenodiamina é um corante autorizado para uso em tintas de cabelo, não podendo ultrapassar 6% do produto, mas mesmo assim, sendo descritas reações alérgicas com certa freqüência. Tatuagens temporárias não são controladas com rigor e podem conter até 15% de parafenilenodiamina, tornando o produto mais agressivo, aumentando a chance de provocar reações de alergia na pele.
Dermatite de contato alérgica: não surge da primeira vez, mas sim após o uso repetido, para que ocorra a sensibilização. Por isso, a alergia surge em pessoas que já fizeram tatuagens de henna em outras ocasiões.
Inicia com uma coceira incômoda, vermelhidão no local e com “elevação do relevo” do desenho da tatuagem. A intensidade da reação pode variar de leve até a formação de bolhas. Uma característica é o aspecto da lesão, que caprichosamente respeita o desenho original. Na sua evolução, ela pode se resolver espontaneamente após a remoção do pigmento ou após o uso local de medicamentos. Casos mais graves podem ocorrer. Além disso, pode deixar marcas por mais tempo, na forma de manchas na pele.
Portadores de alergias na pele tendem a ter maior propensão a apresentar dermatite de contato, embora possa surgir em qualquer pessoa.
Mas, o problema não pára aí: a fórmula química do parafenilenodiamina possui um radical que também é encontrado em outros produtos. Assim, a pessoa que se torna sensível também poderá desenvolver sensibilidade a outros produtos que contenham o mesmo tipo de radical. Isto significa que poderão surgir novas alergias. Este fenômeno é conhecido como uma “reação cruzada”.
Explicando melhor: A pessoa faz uma tatuagem de henna, não sente nada, mas se sensibiliza ao produto. Numa outra oportunidade, vai tomar um remédio, como por exemplo, um antinflamatório (celecoxib) e surge uma reação alérgica sem explicações.
Principais produtos que podem fazer reação cruzada com parafenilenodiamina
- Protetores solares contendo o ácido para-aminobenzóido.
- Remédios que contenham sulfa.
- Remédios para diabetes pertencentes à família de sulfoniluréias.
- Anestésicos locais do grupo de benzocaína.
- Remédios antinflamatórios do grupo “Celecoxib”.