segunda-feira, 26 de julho de 2010

Candidíase Vulgovaginal

CONCEITO E AGENTES ETIOLÓGICOS

É uma infecção da vulva e vagina, causada por um fungo comensal que habita a mucosa vaginal e a mucosa digestiva, que cresce quando o meio torna-se favorável para o seu desenvolvimento; 80 a 90% dos casos são devidos à Candida albicans, e 10 a 20% a outras espécies chamadas não-albicans (C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis). Apresenta-se em duas formas: esporo e pseudo-hifa.

A relação sexual já não é considerada a principal forma de transmissão, visto que esses organismos podem fazer parte da flora endógena em até 50% das mulheres assintomáticas.

Os fatores predisponentes da candidíase vulvovaginal são:

- gravidez;

- diabetes melitus (descompensado);

- obesidade;

- uso de contraceptivos orais de altas dosagens;

- uso de antibióticos, corticóides ou imunossupressores;

- hábitos de higiene e vestuário inadequados (diminuem a ventilação e aumentam a umidade e o calor local);

- contato com substâncias alergenas e/ou irritantes (por exemplo: talco, perfume, desodorantes); e

- alterações na resposta imunológica (imunodeficiência).

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Sinais e sintomas dependerão do grau de infecção e da localização do tecido inflamado; podem se apresentar isolados ou associados, e incluem:

- prurido vulvovaginal (principal sintoma, e de intensidade variável);

- ardor ou dor à micção;

- corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso ("leite coalhado");

- hiperemia, edema vulvar, fissuras e maceração da vulva;

- dispareunia;

- fissuras e maceração da pele; e

- vagina e colo recobertos por placas brancas ou branco acinzentadas, aderidas à mucosa.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Exame direto (a fresco) do conteúdo vaginal, que revela a presença de micélios birrefrigentes e/ou de esporos, pequenas formações arredondadas birrefringentes. A visualização dos fungos é facilitada adicionando-se KOH a 10% à lâmina a ser examinada.

Esfregaço corado do conteúdo vaginal (Papanicolaou, Gram, Giemsa ou Azul de Cresil).

Cultura: só tem valor quando realizada em meios específicos; deve ser restrita aos casos nos quais a sintomatologia é muito sugestiva e todos os exames anteriores sejam negativos; também é indicada nos casos recorrentes, para identificar a espécie de cândida responsável.

Teste do pH vaginal: é um teste simples e rápido, feito com uma fita de papel indicador de pH colocada em contato com a parede vaginal, durante um minuto; deve-se tomar cuidado para não tocar o colo, que possui um pH básico, o que pode causar distorções na interpretação; valores menores que 4 sugerem candidíase.

Observações:

O simples achado de cândida na citologia oncótica em uma paciente assintomática, não permite o diagnóstico de infecção clínica, e, portanto, não justifica o tratamento.

Nos casos de candidíase recorrente, a mulher deve ser aconselhada e orientada a realizar o teste anti-HIV, além de serem investigados os fatores predisponentes citados anteriormente.

TRATAMENTO :

- Miconazol, creme a 2%, via vaginal, 1 aplicação à noite ao deitar-se, por 7 dias; ou

-Miconazol, óvulos de 200 mg, 1 óvulo via vaginal, à noite ao deitar-se, por 3 dias; ou

-Miconazol, óvulos de 100 mg, 1 óvulo via vaginal, à noite ao deitar-se, por 7 dias; ou

- Tioconazol creme a 6,5%, ou óvulos de 300mg, aplicação única, via vaginal ao deitar-se; ou

- Isoconazol (Nitrato), creme a 1%, 1 aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se, por 7 dias; ou

- Terconazol creme vaginal a 0,8%, 1 aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se, por 5 dias; ou

- Clotrimazol, creme vaginal a 1%, 1 aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se, durante 6 a 12 dias; ou

- Clotrimazol, óvulos de 500mg, aplicação única, via vaginal; ou

- Clotrimazol, óvulos de 100mg, 1 aplicação via vaginal, 2 vezes por dia, por 3 dias; ou

- Clotrimazol, óvulos de 100mg, 1 aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se, por 7 dias; ou

- Nistatina 100.000 UI, 1 aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14 dias.

O tratamento sistêmico deve ser feito somente nos casos recorrentes ou de difícil controle:

- Itraconazol 200mg, VO, de 12/12h, só duas doses; ou

- Fluconazol 150mg, VO, dose unica; ou

- Cetoconazol 400mg, VO, por dia, por 5 dias.

Para alívio do prurido (se necessário): embrocação vaginal com violeta de genciana a 2%.

Gestantes :

Qualquer um dos tratamentos tópicos acima relacionados pode ser usado em gestantes; deve ser dada preferência aos medicamentos indicados para uso por um período mais prolongado, como Miconazol, Terconazol ou Clotrimazol.

Parceiros :

Não precisam ser tratados. Alguns autores recomendam o tratamento via oral de parceiros apenas para os casos recidivantes.

Observações:

Em mulheres que apresentam 4 ou mais episódios por ano, devem ser investigados outros fatores predisponentes: diabetes, imunodepressão, uso de corticóides.

Sempre orientar quanto à higiene adequada e uso de roupas que garantam boa ventilação.

Uso de Imunoterapia ( Vacinas ) nos casos crônicos é fundamental!!!

Portadora do HIV :

Pacientes infectadas pelo HIV devem ser tratadas com os esquemas acima referidos.

Prevenção da Candidíase Vaginal de Repetição:

1 ) Procure usar roupa íntima branca,de algodão ( e não apenas o forro ). Tente habituar-se a utilizá-las o mínimo possível. Retire-as ao chegar em casa e não durma com elas. Este procedimento deixará seus órgãos genitais menos abafados e com menos sudorese,diminuído a chance de crescimento de fungos e outros micro-organismos.

2 ) Não lave sua roupa íntima durante o banho,nem as pendure para secar no banheiro.Use um balde com água quente ,enxágüe-as bem,colocando 2 colheres de vinagre branco na última água. Seque-as , se possível ao sol. Passe-as a ferro.

3 ) Evite roupas justas,de material sintético,calças jeans,fuseaus e meias calças.Procure dar preferência a roupas folgadas,saias e vestidos de tecido leve.

4 ) Evite permanecer muito tempo com maiôs e biquínis molhados,bem como malhas e meias de ginástica. Evite saunas.

5 ) Evite absorventes internos e os perfumados. Evite desodorantes íntimos.

6 ) A hixiene da vulva deve ser feita com sabonete de glicerina,sem perfume,evitando atrito excessivo e buchas,para evitar pequenas escoriações que propiciam o crescimento da “ Cândica “ . Faça a limpeza sempre no sentido da vulva para o ânus , ( frente para trás ) , nunca ao contrário. Após o banho ,seque a vulva com uma toalha macia ou fralda. Não coloque a roupa íntima com a vulva ou os pelos pubianos molhados

7 ) Durante a relação sexual,evite a penetração se não houver lubrificação adequada. Muitas vezes a candidíase faz com que a vagina “ seque “ e a penetração pode produzir pequenos machucados que pioram o quadro. Se for o caso,uso o lubrificante que seu ginecologista recomendar. Após o coito,elimine o esperma de dentro da vagina,fazendo força como se fosse evacuar. A sua permanência dentro da vagina pode aumentar o número de micro-organismos. Não faça lavagens internas ou externas logo após o coito porque a água com sabonete neste momento pode causar irritação,piorando o quadro. Seque a região com papel hixiênico macio, e só lave cerca de 6 horas após.

8 )Lembre-se: a vagina ,como outros órgãos úmidos do corpo,produz secreções naturais que promovem a limpeza e sua defesa,dispensando higiene excessiva que acaba por irritar.

9 ) Procure sempre acompanhamento com um Ginecologista e um Alergologista.

Um comentário:

Anônimo disse...

nossa...me ajudou muito esse artigo...
bjuss..obrigada